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RENÉ GUIMARÃES

 

 

 

                “autor de um soneto que, ali por 1930, andava em muitíssimas bocas em Belo Horizonte, os famosos catorze versos de Mulata – mas não: em lugar de decassílabos, o que o jovem vate aparece fazendo nas páginas de Galo-das-Trevas são suas costumeiras “sortes e acrobacias” nos beirais, torres e cornijas de uma velha igreja do interior mineiro, estrepolias, compara Nava, “iguais às de Quasímodo na Notre-Dame” de Paris.  autor de um soneto que, ali por 1930, andava em muitíssimas bocas em Belo Horizonte, os famosos catorze versos de Mulata – mas não: em lugar de decassílabos, o que o jovem vate aparece fazendo nas páginas de Galo-das-Trevas são suas costumeiras “sortes e acrobacias” nos beirais, torres e cornijas de uma velha igreja do interior mineiro, estrepolias, compara Nava, “iguais às de Quasímodo na Notre-Dame” de Paris.”

                “Mitômano, Renê Guimarães nem por isso esperava que alguém, a começar por ele mesmo, acreditasse nos enredos fantasiosos que desenrolava. Durante anos, detalhou perante amigos os lances tortuosos de Estrada de Damasco, romance em eterna elaboração, ambientado na Síria e protagonizado pela apaixonada e apaixonante Samira, obra da qual ninguém jamais viu uma única linha. “Sabíamos que tudo era imaginação”, escreve Delso Renault, e, “ao cabo de contas, nos divertíamos à sua custa e ele à nossa”. 

 

    “ Segundo mais de um depoimento, Renê Guimarães foi, na juventude, um caso de beleza masculina, embora descuidado no vestir-se – desleixo que alguns punham na conta de atitude minuciosamente elaborada. Outro memorialista, Paulo Pinheiro Chagas, descreve um moço “alto, claro, cabelos avermelhados em carapinha”, dono de bela voz, “um tanto filósofo, irônico, irreverente”, além de orador capaz de mesmerizar plateias. “

                “Nascido em 1904, Renê Guimarães ignorou a Semana de 1922, e seguiu vida afora a sonetar. “ [Extraído de https://www.pressreader.com/]

 

 

 

A MULHER NA POESIA DO BRASIL. Coletânea organizada por Da Costa Santos.  Belo orizonte, MG: Edições “Mantiqueira”, 1948.  291 p.  14x18 cm.  Capa de Delfino Filho. 

Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

 

COMPANHEIRA DO OPERÁRIO

 

Esta doce mulher consoladora,
É do operário a mansa companheira,
Face enrugada, palidez de freira,
E dois tristonhos olhos de pastora.

Que funda mágoa desconsoladora
Enche-lhe o olha de Santa padroeira;
Passou sofrendo pela vida inteira,
Pela prole faminta e sofredora.

São doze filhos, e a miséria é tanta,
Que ela suave no martírio, é Santa.
Que num rio de mágoa debruça.

Ó Mãe de Cristo, sofredora e bela,
Vós só chorastes por um filho e ela,
É por doze calvários que soluça.

 

 

*

 

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Página publicada em setembro de 2021


 

 

 
 
 
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